quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O trabalho deve ser o objetivo da vida?

Bertrand Arthur William Russell, matemático e filósofo britânico, foi um dos mais representativos e influentes pensadores ingleses do século XX, conhecido por suas campanhas a favor da paz e do desarmamento nuclear. Crítico das instituições sociais opressoras, militou ativamente em movimentos pela defesa da liberdade humana.
Em 1950, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura com o livro "Order of Merit". Aos 97 anos, Bertrand Russell faleceu deixando um legado incontestável. Russell escreveu sobre lógica, teoria dos conjuntos, filosofia e muitos outros temas, mas, talvez, sua maior contribuição para a humanidade tenha sido fazer de sua vida uma constante busca pela paz.

O Elogio ao Ócio

 

Como um dos mais brilhantes defensores da racionalidade, da humanidade e da liberdade de pensamento, o filósofo Bertrand Russell analisa os problemas sociais do século XX nos quinze ensaios de O Elogio ao Ócio. Suas idéias continuam extremamente atuais neste início do século XXI. A tese central de Russell é de que o trabalho não é o objetivo da vida. Se fosse, as pessoas gostariam de trabalhar. Mas não é isso o que acontece.O propósito deste livro é lutar por um mundo em que todos possam se dedicar a atividades agradáveis e compensadoras, usando seu tempo livre não só para se divertir como também para ampliar seu conhecimento e capacidade de reflexão.
Sobre isso, bem escreveu o filósofo contemporâneo Domenico De Masi, autor de O Ócio Criativo.
"Em O Elogio ao Ócio, Bertrand Russell nos delicia com suas brilhantes intuições, flagrantes provocações e antecipações geniais. Ele optou pela veia irônica ao abordar o ócio, no passado um privilégio de poucos que era garantido com a fadiga brutal de uma massa desesperada de proletários.
No mundo moderno, o ócio de muitos pode ser assegurado graças à contribuição cada vez mais inteligente das máquinas. Russell deposita suas esperanças no desenvolvimento tecnológico e propõe uma jornada de trabalho de quatro horas para que todos possam ter acesso também ao estudo e à diversão, fazendo destas atividades uma síntese inovadora e fecunda.
Como bem sabem os leitores, Russell foi não só um grande filósofo, mas também um notável matemático, escritor, divulgador e polemista. O Nobel que lhe foi outorgado em 1950 desejava expressar um reconhecimento à excepcional desenvoltura com que ele transitava nesses vários campos.
Na sua longa vida (nasceu em 1872 e faleceu em 1970), teve a ocasião e a capacidade de influenciar homens e grupos os mais diversos e incrivelmente intrigantes: Keynes, a escola filosófica de Cambridge, os manifestantes ingleses contra a bomba atômica e até os sicilianos contra a máfia.
Em 1935, sob o título de O Elogio ao Ócio, ele reuniu quinze artigos que haviam sido publicados em jornais da Inglaterra e dos Estados Unidos. Só o primeiro deles, que deu nome ao livro, é dedicado explicitamente ao ócio. Mas se a coletânea recebeu este título, é porque deve ter havido por parte de Russell a intenção de estimular o leitor a uma espécie de caça ao tesouro, descobrindo sozinho o fio que conduz ao ócio em todas as páginas do volume."


Prof. Luís Antônio Vieira.