domingo, 16 de fevereiro de 2014

Filosofia e Religião


Filosofia e Religião


A Filosofia foi na idade média, mais precisamente nos períodos da patrística e na escolástica era tida como serva da Teologia, pois ajudava os padres e filósofos da igreja, em especial Santo Agostinho e Thomas de Aquino, entenderem e explicarem Deus através da lógica, da epistemologia e  hermenêutica. O filósofo britânico Bertrand Russel (1871 – 1970) que sempre esteve empenhado na busca de entender os dogmas cristãos, nos fala com clareza na entrevista  a baixo sobre religião em um vídeo de 1959. Um presente aos que amam e desejam sempre conhecer. Boa reflexão.


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A racional banalização da vida em nome da "justiça".

Muito triste ouvir e ver notícias como as de hoje, a morte do cinegrafista Santiago em pleno exercício de sua função, a vida se torna banal nestes casos. Como são tristes tantas notícias de violência mundo a fora, temos que agir em favor da PAZ! De uma Cultura de Paz! Em nossos locais de trabalho, em nossas casas, na rua e onde quer que estejamos mão podemos mais admitir casos assim aquém quer que seja. Triste ver pessoas falando em paz e justiça e ao mesmo tempo incentivando a violência mesmo em sua forma mais sutil, ai a mais perniciosa; violência e discriminação só geram mais violência. Creio que isso tudo seja fruto de uma espiritualidade fraca, de um “ufanismo” seja político, religioso, étnico ou econômico, mas sempre há um ufanismo e uma enorme racionalidade nestes atos, isso mesmo, RACIONALIDADE! Jovens são aliciados e pagos para fazer baterna, destruir, matar... Logo, tudo isso é organizado, raciocinado. Como dizia Pascal, o homem é um caniço pensante, e junto numa batalha age qual uma alcateia de lobos famintos. Tais atos, sejam de torcidas, manifestantes e outros do gênero, atos são pensados, arquitetados e construídos muitas vezes em nome de uma pseudo paz e com anuência dos que se dizem pacíficos e religiosos, mas claro, blasfemam. Até mesmo em ambientes de trabalho há os que desejam puxar tapetes e ficar com o lugar de outrem; com sorrisos sínicos e tapinhas nas costas, insinuam coisas, falam maldades, etc, em muitas famílias, outrossim, está presente esta lógica da destruição do outro, nada mais que o reflexo de uma humanidade doente ética e espiritualmente, uma sociedade da indiferença... Mas podemos fazer a diferença se olharmos nosso próximo com outros olhos, com os olhos que desejamos que outros nos olhem, apenas isso, se desejássemos e fizéssemos aos outros que gostaríamos que a nós fosse feito, como na sábia regra de ouro do Divino mestre tudo seria diferente. Nada é impossível de mudar, já bradava Brecht.

Luís Antônio Vieira.
plav@plav.com.br 

Meu jardim




Sou feliz por muitas coisas, infinitas coisas, algumas nem saberia ou conseguiria explicar, contudo uma delas é meu Jardim, permitam-me aqui dá-lo nome próprio e escrevê-lo com “J” maiúscula.  Jardim sempre foi sinônimo de harmonia, Epicuro já nos admoestava sobre a necessidade de irmos ao jardim e nele fazermos amigos, analisarmos nossas vidas e adquirirmos autonomia; conceitos essenciais para se chegar a felicidade segundo o filósofo edonista.  Meu Jardim é simples, se é que se pode dizer isso de um jardim, nele não se configuram as linhas do “Designer Green” tão presentes nos jardins contemporâneos, contudo está repleto de flores diversas, cada qual com sua beleza e perfeição, recebe visitas de vários pássaros, entre eles, pombas rolas, colibris (pequenos beija-flores), bem-te-vis, pardais e o belo, porém com apelido nada agradável, “caga sebo”. Nele também podemos observar as abelhas, incansáveis operárias a sugar o néctar das flores para produzir o mais puro e nobre alimento, o mel. Assim, o sentimento é sempre de leveza e gratidão a Deus ao contemplar pequena e infinita beleza que nos conduz a meditação, reflexão, contemplação...

domingo, 3 de fevereiro de 2013


Partícula Deus ou partícula de Deus? Implicações filosóficas e teológicas
 

Desde os anos 60 do século passado, físicos teóricos se punham a questão: como podem as partículas elementares sem massa que surgiram com o big bang, ganharem massa, após trilhonéssimas fracções de segundo? Qual foi a partícula ou o campo energético que conferiu massa às partículas virtuais e assim fez irromper a matéria que compõe todo o universo?

Sabemos e, o faço de forma extremamente pedestre, que a matéria (segundo Einstein é energia altamente condensada) é composta por partículas elementares: topquarks e léptons. Quando estes se unem dão origem aos prótons e aos nêutrons. Esses, por sua vez, se unem e formam o núcleo atômico. Léptons, de carga negativa, são atraídos pelo núcleo atômico, com carga positiva e juntos formam os átomos. De átomos se compõem todos os seres existentes.

Portanto, topquarks e léptons são os tijolinhos básicos com os quais todo o universo e nós mesmos somos construídos. Junto com estas partículas elementares agem as quatro forças originárias que ordenam todo o universo, cuja natureza, a ciência não conseguiu ainda decifrar. Elas atuam conjuntamente e respondem pela expansão, ordenação e complexificação de todo o processo cosmogênico: a força gravitacional, a eletromagnética, a nuclear fraca e forte.

Peter Higgs (*1929) um tranquilo pesquisador de física teórica da universidade deEdinburgo na Inglaterra, sugeriu que deveria existir uma partícula, um bóson ou um campo energético, responsável pela massa de todas as partículas. O físico Leon Lederman (Nobel de Física) chamou-a de partícula de Deus. Outros a denominaram de partícula Deus, porque ela é a criadora de toda a matéria do universo.

Que seria esse bóson Higgs ou campo Higgs? Os físicos o imaginam como um fluido viscoso finíssimo que enche todo o universo, à semelhança do éter de Aristóteles e da física clássica. Quando as partículas elementares sem massa, puramente virtuais, tocam esse bóson ou interagem com o campo Higgs sofrem resistência, são freadas, pressionadas e consolidadas e destarte ganham massa e peso.

No dia 4 de julho de 2012 no Grande Colisor de Hádrions entre a Suíça e a França, após acelerar partículas que colidiam, quase à velocidade da luz, os cientistas do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN) identificaram uma partícula que preenche as características atribuídas ao bóson de Higgs. Supõe-se que seja ele ou outra partícula similar, mas que efetivamente confere massa às partículas elementares.

Esta verificação confirma o modelo standard do universo originado pelo big bang; daí a sua importância.

Mas como entra Deus nisso tudo? Se dissermos que esta partícula é Deus, seguramente a teologia não o aceitaria, pois faria de Deus uma parte do universo. Ele é mais. É aquela Energia de Fundo, aquele Abismo possibilitador e sustentador do universo, que antecede ao big bang. Ele estaria além do "muro de Planck”, o limite intransponível, anterior ao tempo zero a partir do qual em 10 na potência 43 de segundos após o big bang teria surgido a matéria do universo. Atrás deste muro se esconde aquela Energia poderosa e amorosa que origina tudo, inalcançável pela física mas acessível pela mística.

Se dissermos que o bóson de Higgs é a partícula de Deus podemos teologicamente aceitá-lo; seria o meio pelo qual Deus traria à existência as partículas materiais e assim todo o universo: um ato exclusivamente divino. Essa é a ontologia originária de Deus. A partícula de Deus nos mostra como se cria tudo o que nos é dado ver. Filosófica e teologicamente diria: ela nos revela como Deus fez surgir o mundo. E esse ato não se encontra no passado, mas se realiza em cada momento e em todas as partes do universo e também em nós que estamos à mercê desta partícula de Deus. Caso contrário tudo deixaria de ser, voltaria ao nada. Como a criação é contínua, aqui estamos.

O livro O Tao da Libertação: explorando a ecologia da transformação de M.Hathway e L. Boff foi premiado nos USA em 2010 com a medalha de ouro em Ciência e Cosmologia. Está em português pela Vozes 2012.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O trabalho deve ser o objetivo da vida?

Bertrand Arthur William Russell, matemático e filósofo britânico, foi um dos mais representativos e influentes pensadores ingleses do século XX, conhecido por suas campanhas a favor da paz e do desarmamento nuclear. Crítico das instituições sociais opressoras, militou ativamente em movimentos pela defesa da liberdade humana.
Em 1950, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura com o livro "Order of Merit". Aos 97 anos, Bertrand Russell faleceu deixando um legado incontestável. Russell escreveu sobre lógica, teoria dos conjuntos, filosofia e muitos outros temas, mas, talvez, sua maior contribuição para a humanidade tenha sido fazer de sua vida uma constante busca pela paz.

O Elogio ao Ócio

 

Como um dos mais brilhantes defensores da racionalidade, da humanidade e da liberdade de pensamento, o filósofo Bertrand Russell analisa os problemas sociais do século XX nos quinze ensaios de O Elogio ao Ócio. Suas idéias continuam extremamente atuais neste início do século XXI. A tese central de Russell é de que o trabalho não é o objetivo da vida. Se fosse, as pessoas gostariam de trabalhar. Mas não é isso o que acontece.O propósito deste livro é lutar por um mundo em que todos possam se dedicar a atividades agradáveis e compensadoras, usando seu tempo livre não só para se divertir como também para ampliar seu conhecimento e capacidade de reflexão.
Sobre isso, bem escreveu o filósofo contemporâneo Domenico De Masi, autor de O Ócio Criativo.
"Em O Elogio ao Ócio, Bertrand Russell nos delicia com suas brilhantes intuições, flagrantes provocações e antecipações geniais. Ele optou pela veia irônica ao abordar o ócio, no passado um privilégio de poucos que era garantido com a fadiga brutal de uma massa desesperada de proletários.
No mundo moderno, o ócio de muitos pode ser assegurado graças à contribuição cada vez mais inteligente das máquinas. Russell deposita suas esperanças no desenvolvimento tecnológico e propõe uma jornada de trabalho de quatro horas para que todos possam ter acesso também ao estudo e à diversão, fazendo destas atividades uma síntese inovadora e fecunda.
Como bem sabem os leitores, Russell foi não só um grande filósofo, mas também um notável matemático, escritor, divulgador e polemista. O Nobel que lhe foi outorgado em 1950 desejava expressar um reconhecimento à excepcional desenvoltura com que ele transitava nesses vários campos.
Na sua longa vida (nasceu em 1872 e faleceu em 1970), teve a ocasião e a capacidade de influenciar homens e grupos os mais diversos e incrivelmente intrigantes: Keynes, a escola filosófica de Cambridge, os manifestantes ingleses contra a bomba atômica e até os sicilianos contra a máfia.
Em 1935, sob o título de O Elogio ao Ócio, ele reuniu quinze artigos que haviam sido publicados em jornais da Inglaterra e dos Estados Unidos. Só o primeiro deles, que deu nome ao livro, é dedicado explicitamente ao ócio. Mas se a coletânea recebeu este título, é porque deve ter havido por parte de Russell a intenção de estimular o leitor a uma espécie de caça ao tesouro, descobrindo sozinho o fio que conduz ao ócio em todas as páginas do volume."


Prof. Luís Antônio Vieira.